Os alunos do ensino médio são os que apresentam maior defasagem no
aprendizado. Menos de um terço, 29,2%, dos estudantes conhecem a língua
portuguesa da forma adequada ao período de estudo e apenas 10,3% sabem
matemática proporcionalmente ao ano de ensino. Os dados foram divulgados
hoje (6) no relatório De Olho nas Metas do movimento Todos pela
Educação (TPE).
O estudo é divulgado anualmente pela entidade. Nele, o TPE monitora o
cumprimento de cinco metas consideras fundamentais: o atendimento
escolar à população de 4 a 17 anos, a alfabetização na idade correta, o
desempenho dos alunos nos ensinos fundamental e médio, a conclusão dos
estudos e o financiamento da educação. Este ano, o desempenho dos
estudantes do ensino médio chamou a atenção por se distanciar da meta
considerada adequada pela entidade.
Com base em dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e
da Prova Brasil de 2011, o TPE constatou a maior defasagem em
matemática. No relatório divulgado em 2011, com dados de 2009, a
porcentagem de estudantes com conhecimento adequado ao 3º ano do ensino
médio era 11%, inferior à meta de 14,3%. Neste ano, no entanto, além da
redução da porcentagem (10,3%), a diferença para a meta do período
(2011) aumentou: é de quase 10 pontos percentuais (19,6%).
Em português, a meta foi cumprida no último relatório, 28,9% dos
estudantes tinham o conhecimento adequado e a meta era de 26,3%. Nesse
ano, também houve piora. A porcentagem de estudantes teve um leve
aumento, 29,2%, mas não foi suficiente para cumprir a meta para o
período, que era de 31,5%.
“No ensino médio observamos um descolamento enorme. Para melhorar essa
fase do ensino, é preciso melhorar todo o sistema de educação. A
defasagem vem desde a educação infantil e vai se acentuando.”, explica a
diretora executiva do Todos pela Educação, Priscila Cruz.
A informação de Priscila pode ser comprovada pelos dados dos anos
anteriores de ensino. No 5º ano do ensino fundamental, em português, 40%
tem o conhecimento adequado diante da meta de 42,2%. Já em matemática, a
meta de 35,4% foi superada por 36,3% dos alunos. No 9º ano do ensino
fundamental, em português, 27% dos estudantes detinham o conhecimento
necessário e a meta era de 32%. Em matemática foram 16,9% para uma meta
de 25,4%.
“Diversas pesquisas educacionais comprovam que alunos com maior
defasagem tendem a apresentar desempenho escolar inferior ao dos que se
encontram no ano adequado”, informa o relatório. Ainda segundo o estudo,
“o problema da defasagem precisa ser combatido na partida. Ou seja, se
os alunos aprendem o que têm direito de aprender, diminui a repetência
e, consequentemente, a defasagem. Por sua vez, alunos que já estão
defasados precisam ter acesso a reforço escolar”.
A entidade alerta para a diferença entre as regiões e entre os estados e
o Distrito Federal. De acordo com Priscila, não se trata de algo
recente, pelo contrário, foi observado em outros relatórios do TPE, no
entanto “observamos pouco avanço no sentido de melhorar essa
desigualdade. Se quisermos que as regiões mais pobres elevem o
desempenho em vários setores, precisamos melhorar a educação. Essa é uma
grande preocupação”, diz.
O Rio de Janeiro é o estado com maior índice de alunos com conhecimento
adequado de matemática no terceiro ano (16,6%), enquanto o Acre é a
unidade da Federação com o menor índice (3%), uma diferença de 13,6
pontos percentuais.
Hoje às 16h, Priscila Cruz e Mozart Neves Ramos, membro do Conselho
Nacional da Educação (CNE) e do TPE participam de debate pelo portal da EBC.
*Fundado em 2006, o Todos Pela Educação
é um movimento da sociedade civil brasileira que tem a missão de
contribuir para que até 2022, ano do bicentenário da Independência do
Brasil, o país assegure a todas as crianças e jovens o direito a
educação básica de qualidade.
Fonte: Agência Brasil
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