Fonte:Veja
Maioria dos adultos infectados desconhece que a transmissão pode ser feita pelo sexo oral; governo quer eliminar a sífilis congênita até 2015
No levantamento do Emílio Ribas, a maioria dos infectados tem de 40 a
43 anos. De novembro a dezembro de 2011, foram diagnosticados 369 casos
de sífilis – dos quais, 347 eram homens. Segundo David Uip, diretor do
hospital, isso deve-se ao fato de que os homens conseguem visualizar as
lesões com mais facilidade. Na mulher, as feridas costumam estar dentro
do canal da vagina. "Há também pouca informação sobre a doença. Os
pacientes surpreendem-se porque não têm ideia de que ela pode ser
transmitida pelo sexo oral", diz David Uip, diretor do hospital.
Não existe hoje no Brasil um levantamento preciso sobre incidência de
sífilis. O Emílio Ribas, por sua vez, ainda trabalha na compilação de
dados de anos anteriores. Mas, de acordo com Mauro Romero Passos,
presidente do Departamento de Doenças Infectocontagiosas da Federação
Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), os
números de sífilis são ainda relativamente altos no Brasil — embora
estáveis. "O problema está no fato de que esses números deveriam estar
em queda, não estáveis", diz.
Sífilis gestacional — Segundo o Ministério da Saúde, a
notificação compulsória da sífilis vem sendo feita desde 2010. Como as
informações são repassadas por blocos ao governo, o levantamento
completo dos dados ainda não está pronto. A referência que se tem hoje
para acompanhar a prevalência da doença são os casos de sífilis
congênita, que tem notificação obrigatória desde dezembro de 1986 (com
dados digitalizados apenas em 1996).
Na sífilis congênita, a doença pode ser transmitida para o feto por via
placentária já a partir da nona semana da gestação. A taxa de óbito
(aborto, natimorto, óbito neonatal precoce) é elevada, variando de 25% a
40% dos casos. Mais de 50% das crianças que nascem infectadas
são assintomáticas. Os primeiros sintomas surgem geralmente nos
primeiros 3 meses de vida.
Segundo Jarbas Barbosa, secretário de Vigilância em Saúde do Ministério
da Saúde, em 2011 o governo federal já começou a distribuir testes
rápidos para a detecção da sífilis em gestantes. "Para 2012, pretendemos
distribuir 3,3 milhões desses testes rápidos, número que deve cobrir
metade das cerca de 2,4 milhões de gestantes que temos ao ano", diz. Em
2013, as projeções apontam para uma cobertura de 75% das grávidas e, em
2014, perto dos 100%. “Assim, acreditamos que em 2015 a sífilis
gestacional pode estar eliminada”, diz Barbosa.
Os dados do Ministério mostram uma situação muito desigual no Brasil.
Enquanto a média nacional é de 2,3 casos para 1.000 nascidos vivos, os
números oscilam entre estados e regiões. No Nordeste, por exemplo,
enquanto o Ceará registra uma média de 4,9 / 1.000, o Maranhão apresenta
média baixa (e irreal) de 0,8 / 1.000. "Acredito que essa diferença
tenha um único motivo: a subnotificação", diz Barbosa.
Diagnóstico e tratamento – No Brasil, o diagnóstico da
sífilis é feito por exames de sangue. De acordo com Mauro Romero
Passos, a doença costuma ter as primeiras manifestações clínicas após
cerca de 21 dias do contágio. Mas, como a doença pode ser facilmente
confundida com uma alergia ou uma irritação, os médicos precisam estar
preparados para o diagnóstico.
Quanto mais cedo o diagnóstico e o tratamento forem feitos, menor o
risco de complicações permanentes. O tratamento é feito com o uso de
medicamentos antibióticos e o paciente deve permanecer em acompanhamento
durante meses. O desaparecimento dos sintomas não é garantia de cura,
que só pode ser avaliada pelo médico por meio de monitoramento clínico e
laboratorial até que seja constatada a cura da doença.
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