Fonte:Veja
Método evita a menstruação, e geralmente é indicado para evitar dores decorrentes de cólicas e endometriose
Pílula anticoncepcional: mais de 90% dos médicos já atenderam pacientes que procuraram os especialistas interessadas no método contínuo (Thinkstock) |
Uma pesquisa inédita feita com 1.100 médicos de todo o Brasil mostrou
que 94% dos especialistas já prescreveram pílula anticoncepcional em
regime contínuo para suas pacientes pelo menos uma vez. Esse método é
utilizado quando, por algum motivo, a mulher não deseja menstruar e,
então, toma os comprimidos sem obedecer os intervalos entre uma cartela
de pílula e outra. O estudo foi desenvolvido na Faculdade de Medicina do
ABC, em São Paulo, e apresentado à comunidade médica em novembro do ano
passado no 54º Congresso Brasileiro de Ginecologia e Obstetrícia em
Curitiba, Paraná, mas somente agora foi divulgado para o público em
geral.
No levantamento, os pesquisadores pediram para que os 1.100 médicos
respondessem a um questionário questionando se já haviam prescrito a
pílula anticoncepcional em regime contínuo e, se sim, os motivos que os
levaram a tomar essa decisão.
Os resultados demonstraram que 93% dos médicos já haviam atendido
mulheres que procuraram o consultório médico interessadas no método
contínuo. Além disso, 94% dos especialistas afirmaram já terem receitado
a pílula nesse regime para alguma paciente por qualquer motivo. Os
principais motivos listados pelos médicos foram: evitar dores de cólica
menstrual e endometriose e adequar-se à comodidade da paciente — ou
seja, a fatores pessoais como rotina de emprego ou alguma viagem, por
exemplo.
"Foi uma surpresa observar que a comodidade da paciente foi o terceiro
fator mais levado em consideração na hora de o médico receitar o
método", disse ao site de VEJA Luciano Pompei, ginecologista da
Faculdade de Medicina do ABC e coordenador do estudo. O pesquisador
afirmou que, geralmente, quando a mulher procura o médico para que ele
lhe receite a pílula em regime contínuo, ela deseja deixar de menstruar
por motivos pessoais do dia-a-dia, não necessariamente porque sente
dores. "Quando o médico receita, na maioria das vezes, é para poupar a
paciente de sentir dores ou sintomas decorrentes do período da
menstruação, como cólicas e tensão pré-menstrual", disse
Riscos — Segundo o ginecologista, os estudos que
existem sobre esse método contínuo não demonstraram riscos diferentes do
que aqueles observados nas pílulas em regime normal. No entanto, disse
Pompei, não há pesquisas sobre o assunto com um número tão grande de
mulheres quanto as já realizadas em relação ao regime normal da pílula.
"Portanto, as contraindicações para o uso da pílula anticoncepcional em
regime contínuo são as mesmas para o uso regular dos comprimidos. Ou
seja, quem não pode tomar a pílula de um jeito, também não deve fazer
seu uso de outro. São pacientes com problemas como hipertensão arterial,
enxaquecas com aura, mulheres com mais de 35 anos que fumam, pacientes
que têm ou tiveram câncer de mama, entre outros", afirmou o pesquisador.
Muitos desses problemas de saúde, somados à pílula, podem ser fortes
fatores de risco para o surgimento de doenças mais graves como o
acidente vascular cerebral (AVC), por exemplo.
Pompei também explicou que, assim como a pílula tomada em regime não
contínuo, esse outro método não prejudica a fertilidade da mulher.
Segundo o médico, ao interromper o uso dos contraceptivos, a paciente
volta a ser capaz de ter filhos normalmente.
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